Falsos cognatos do Espanhol: O que são e exemplos

Falsos cognatos são palavras com grafia muito parecida, porém significados totalmente diferentes. Eles existem em abundância entre nosso idioma e o Espanhol.

Ocorre que tanto o Português quanto o Espanhol possuem uma base comum: o Latim. Mas essa base foi influenciada de maneiras muito diferentes, na evolução de cada uma.

Dessa forma, muitas das palavras existentes no Espanhol possuem relativos, no Português. Só que, não necessariamente, esses relativos têm correspondência semântica.

Quando isso ocorre, temos os falsos cognatos. São escritos e pronunciados de um jeito muito parecido — senão igual. Todavia não significam, definitivamente, a mesma coisa.

Vamos, definitivamente, compreender os falsos cognatos?

Entendendo a natureza dos falsos cognatos

Falsos Cognatos

Como dito anteriormente, falsos cognatos são palavras escritas da mesma forma, mas com sentido diferente.

Porém, se existem falsos cognatos, devem haver os verdadeiros cognatos. Certo? Certíssimo!

Cognatos são palavras que compartilham sua raiz. Como resultaram de uma mesma fonte, possuem a grafia igual, senão muito parecida, e mesmo significado.

Entre o Português e o Espanhol, há milhões de cognatos. Em sua maioria, devem-se ao Grego e ao Latim, moldes de nossas línguas.

Temos, por exemplo, palavras como “nome”, “casa”, “homem”, “mulher”, “igreja”, “sol”, “amor”. Todas são praticamente idênticas em ambas línguas graças à sua origem.

Ainda, tanto Espanha quanto Portugal sofreram invasões germânicas e muçulmanas. Falamos bastante disso quando conversamos sobre a diferença entre Espanhol e Castelhano.

E as mudanças nunca acabam. Afinal, idiomas são entes vivos, que se modificam pela ação dos falantes. Todo choque ou troca cultural resultam em novas assimilações e cognatos.

No entanto semelhança não representa unicidade. E é aqui que nasce a importância de conhecer os falsos cognatos.

Posso jurar: não há nada tão desconfortável como aplicar falsos cognatos na comunicação. Eles são capazes de gerar confusões terríveis. Veja esta esquete proposta pelo CCAA:

Depois de hoje, você estará blindado para esse tipo de vergonha. Afinal, você saberá o que são os falsos cognatos, e os utilizará em seus reais significados.

Vamos lá!

Uma pequena anedota sobre o risco dos falsos cognatos

Enquanto convivi com argentinos, nos anos 2000, tive acesso a muitas curiosidades. Dentre elas, as mais divertidas eram as tentativas imprudentes de fluência.

Tanto de lá quanto de cá, situações verdadeiramente embaraçosas ocorrem o tempo inteiro. Viaja-se sem o cuidado de conhecer cultura e idioma do destino.

Em certos casos, como do Inglês, há quem nem tente. Porém, como o Espanhol “parece muito fácil”, há muita gente que apenas mude “-ão” por “-ón” jurando estar falando certo.

Trago, para ilustrar este artigo, uma anedota terrivelmente engraçada com falsos cognatos. Ela me foi contada por um ex-colega, que trabalhava como garçom, em Buenos Aires.

Certa vez, este amigo foi prestar o atendimento a um casal de turistas. Eram brasileiros, e desejavam um jantar romântico no coração da Argentina.

Este colega, muito solícito, serviu-os em tudo que desejavam. Do bom vinho de Mendoza aos magníficos corte de ancho e chorizos, fê-los muito felizes.

Contudo, ao fim da refeição, queriam acertar a conta. E como fazê-lo? Ora, chamando meu colega e perguntando:

— Garçom, aceita cartón? — Afinal, bastaria trocar o “-ão” por “-ón”, não é mesmo? Mas é claro que não é assim.

Ao ouvir a pergunta, meu colega ficou completamente confuso. “Aceitar cartón”?! Por que diabos alguém “aceitaria cartones”, se perguntava.

Ocorre que “aceitar”, em Espanhol, seria cobrir com óleo ou azeite, seu “aceite”. “Cartón”, por sua vez, corresponde a um pedaço de papelão.

Aceitar cartón”, então, é jogar óleo em papelão. E ele se apavorava, pensando que os turistas queriam comer isso.

A confusão só teve fim mais tarde, depois de grande comoção. O gerente, outras pessoas, todo mundo buscava entender para que queriam óleo no papelão.

Por fim, os turistas abriram suas carteiras e balançaram os cartões de crédito ao ar.

Sí, señor. Aceptamos tarjetas — ele respondeu.

Por que estudar os falsos cognatos

Como a anedota deixa perceber, é importante se comunicar bem. Há graves riscos implícitos em dizer o que não se quer. De pequenas confusões a grandes problemas, tudo pode ser evitado.

Estudar os falsos cognatos garante clareza e precisão de nossas mensagens. Evitamos desconfortos, claro. Mas, mais que isso, conseguimos nos fazer entender.

Por isso, preparamos a lista abaixo com os principais falsos cognatos do Espanhol comentados. Esperamos que você se divirta tanto quanto nós, ao ler.

Principais falsos cognatos do espanhol

Vamos juntos nos divertir enquanto aprendemos?

Então, bora!

1 – Todo mundo sempre tem um “apellido”

Apellido” — leia-se “apelhido” — soa e parece muito com nossos apelidos. Os nomes pejorativos e zombeteiros com os quais chamamos amigos e familiares.

Apelidos costumam tomar características ruins para fazer graça. Há, até, apelidos que buscam provocar desconforto, o que não é legal.

Porém, em países hispanófonos, todo mundo sempre tem um “apellido”. Ele advêm da família em que nasceu.

E, não: não é um cognome engraçado. “Apellido” nada mais é que o sobrenome de uma pessoa.

Assim, se alguém te perguntar ¿Cuál es su apellido?”, responda sem pestanejar: Pereira, Silva, Antunes, ou qualquer que seja seu sobrenome. Combinado?

Curiosidade

Em Espanhol, também existem apelidos. Eles são ditos “apodos”, “cognomes” ou “sobrenombres”.

Aqui, nasce um dos falsos cognatos acidentais: “apellido” é sobrenome; mas “sobrenombre” é apelido. Lembre-se disso!

2 – Quem nunca precisou de um “botiquín”?

Um coração partido sempre dói muito. E, segundo nos ensinou o sertanejo, nada melhor que a cachaça para curar.

Nessas horas, o jeito é procurar um botequim. Um canto precário que sirva bebidas baratas e comida gordurosa. Não é mesmo?

Porém “botiquín” não tem nada a ver com isso! Ele poderá até conter álcool. Mas a finalidade é outra. E por isso nasce um dos principais falsos cognatos do Espanhol.

“Botiquín” nada mais é do que uma caixa de primeiros socorros. Nele, há bandagens, material de limpeza e imobilização.

Desse modo, quando perguntarem ¿Dónde está el botiquín?”, esqueça o boteco. Foque na urgência atual, e aponte para a cruz vermelha.

Curiosidade

Quando quiser muito uma bebida barata num lugar duvidoso, pergunte pela “taberna”. Ela, sim, terá o álcool que você está precisando. Certo?

3 – Arrumou-se tanto que terminou “chulo”

Já imaginou alugar um fraque, luvas e, no fim, ser chamado de “chulo”? Seria terrível, não é mesmo?

Acontece que chulo, em Português, é algo mequetrefe, empobrecido, ruim. E ninguém quer parecer assim, quando vai a uma festa.

Outro dos principais falsos cognatos do Espanhol mostra-se aqui. Afinal, “chulo” é elegante, neste idioma.

Portanto, se te disserem ¡Qué chulo estás!”, trate de agradecer, viu?

Curiosidade

Em Espanhol, quando algo é verdadeiramente chulo, diz-se que é “torpe”. Significa desajeitado, grotesco.

4 – Um dos principais falsos cognatos do Espanhol: “Embarazo”

Muitas são as situações sociais em que ficamos ou deixamos alguém embaraçado. Quanto mais tímida a pessoa, mais ficará embaraçada.

Todavia, dentre os principais falsos cognatos do Espanhol, este é o que pode gerar mais problemas.

O problema repousa no seguinte fato: “embarazo” significa gravidez. Por isso, uma mulher “embarazada”, está grávida.

Imagine-se dizendo a alguém que sente muito pelo “embarazo”. Ou pior: que sente muito por ter deixado uma mulher “embarazada”. Que situação delicada, essa!

Curiosidade

O embaraço, em Espanhol, é o mesmo que vergonha. Assim, o sentimento de desconforto é, na verdade, um verdadeiro cognato: “vergüenza” é a palavra adequada.

5 – “Cola”, um dos principais falsos cognatos do Espanhol, pode gerar problemas

Um dos principais falsos cognatos

Quem nunca passou ou pediu cola em uma prova? Os mais disciplinados dirão que nunca. Mas nós, pobres mortais, já nos vimos numa dessas trapaças.

Ainda, há quem não tenha passado uma cola, mas, sim, cola. Para unir dois pedaços de um vaso quebrado, por exemplo.

Já o Espanhol possui outros significados bem diferentes. Eis um dos principais falsos cognatos do Espanhol mais aptos a gerar problemas.

Acontece que “cola”, em Espanhol, também é polissêmico. Entre os principais significados, vários são gírias.

O termo pode significar cauda de um animal, rabo. Só isso já pode confundir. Porém ainda há outros significados, como pênis e homem homossexual.

Dessa forma, pedir “cola” talvez não seja uma boa opção.

Curiosidade

Quem está sem roupas está “desnudo”. Para recordar-se, basta pensar em “despir”. As palavras despido e “desnudo” são muito mais próximas que “pelado”.

E então? Gostou dos principais falsos cognatos que selecionamos? Conhecê-los ajuda a evitar desconfortos e, até, constrangimentos.

Esperamos que você tenha se divertido bastante. E, caso tenha algum outro falso cognato interessante, coloque-o nos comentários.

Compartilhe esta matéria e esteja sempre por aqui. Mais curiosidades e lições geniais ao seu alcance.

Até mais, caros alunos. Nos vemos em breve!

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